Prefeitura de Campina Grande garante aulas de Educação Física para crianças com deficiência
Na Rede Municipal de Educação de Campina Grande, as aulas de Educação Física estão entre os momentos preferidos dos estudantes. Em toda a Rede, aproximadamente 3,7 mil são crianças e adolescentes com deficiência. E no componente curricular da Educação Física, que trabalha os movimentos do corpo, é onde a inclusão se torna ainda mais visível. Hoje, estão matriculados na Rede Municipal 34.638 mil alunos (em escolas, creches e na Educação de Jovens e Adultos – EJA).
O professor Cícero Nunes conta que se apaixonou por trabalhar a inclusão, nas aulas de Educação Física, depois de viver a experiência como Apoio Escolar. “Eu passei oito anos trabalhando como Apoio Escolar. Fui estudando o tema e me interessando pelas crianças autistas e, quando eu tive a oportunidade de começar o trabalho, algo que me marcou foi ter conhecido, em uma escola em São José da Mata, uma criança num processo de reabilitação. Eu consegui, com o tempo, fazer um fortalecimento dessa criança e isso me marcou muito”, lembra.
Ao chegar na escola, o trabalho começa com um alongamento coletivo. “Eu inicio a aula com alongamento, aquecimento e incluo todas as crianças com algum tipo de deficiência. Depois, a gente vai trabalhar a parte lúdica. Dependendo do dia, trabalhamos brincadeiras, jogos, modalidades esportivas, lutas e assim vamos dando continuidade a essa disciplina durante um ano. Em todas as salas temos crianças com deficiência. Meu trabalho inicial é fazer uma sondagem, montar um plano individualizado e inseri-las na Educação Física para promover a interação entre toda a turma”, conta o professor.
O estudante João Miguel, da Escola Municipal Severino Cruz, tem 8 anos e é cadeirante. A dificuldade de locomoção não o impede de participar das aulas do professor Cícero. “Eu gosto muito da Educação Física. É legal, é bom, eu gosto muito de participar”, afirma.
A coordenadora do Atendimento Educacional Especializado (AEE), Renata Villarim, reforça a importância da Educação Física para o público com deficiência.
“A prática da atividade física para crianças com deficiência é de extrema importância. Essas aulas devem favorecer a construção de uma atitude de respeito próprio, por parte da pessoa que apresenta alguma necessidade especial. E essa convivência pode construir e possibilitar a atitude de solidariedade e aceitação. Por isso, no papel da inclusão, cada um desses segmentos tem importância. Além do que, os benefícios para a saúde física também são muitos. Os benefícios da prática da atividade física são o aumento da força muscular, já que eles têm muita hipotonia, aumento da resistência e coordenação motora, equilíbrio, flexibilidade e agilidade”, pontua
Formações para professores
A coordenadora pedagógica de Educação Física da Rede Municipal de Educação de Campina Grande, Kaliuma Soares, explica em uma breve linha do tempo, o contexto histórico que foi essencial para o processo de inclusão das pessoas com deficiência na Educação Física.
“A metodologia tradicional que dava ênfase ao esporte precisou ser rompida. A função da escola é dar suporte ao aluno no processo de ensino e aprendizagem da cultura corporal do movimento. A partir de 1990, através das políticas mundiais, se definiu que a educação física era para todos. E, em 1994, por meio da Declaração de Salamanca se apontou a necessidade educacional especial de um conteúdo voltado para essas crianças com deficiência. Isso chegou ao Brasil em 1996, quando houve uma definição dos atendimentos para esse público e a educação física tornou-se componente curricular obrigatório”, contextualiza.
Na Rede de Educação de Campina Grande, o trabalho desenvolvido ao longo do ano envolve as formações continuadas com os professores de Educação Física e vivências. “Aqui na rede os estudantes são estimulados a participarem das atividades. Além de investirmos em formações para os nossos professores, nós, enquanto secretaria, estamos sempre buscando artigos, compartilhamento de experiências e fazemos com que esses encontros aconteçam para o conhecimento dessas experiências”, explica Kaliuma Soares.
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