Artistas transformam muros de escolas e unidades da Educação em galerias coloridas
Em meio a paredes brancas do pátio, um colorido surge na hora do recreio. São as escolas da Rede Municipal de Campina Grande que estão recebendo desenhos e cores em espaços de convivência.
As paredes das escolas estão virando verdadeiras telas para três artistas que estão desenvolvendo um trabalho que chama atenção não apenas da comunidade escolar, mas também de quem passa pelo lugar. A ideia é tornar as escolas mais coloridas e lúdicas, através de desenhos e pinturas de artistas. As fachadas de algumas unidades também têm recebido mais cor, no intuito de evitar o vandalismo.
Segundo o secretário municipal Educação, Raymundo Asfora Neto, todas as unidades que estão em obras serão contempladas com esses recursos visuais. “A educação pode e deve ter um ambiente atrativo, especialmente, no ensino básico, onde lidamos com crianças e jovens. A ideia de implantar ambientes mais lúdicos converge nesse sentido. Nas quase trinta construções, reformas e ampliações que a rede municipal de ensino de Campina Grande vem recebendo, esse fator já está bem contemplado, mas também lembramos das demais unidades. Por isso, elas estão recebendo esculturas e pinturas que trazem um colorido especial e valorizam a cultura regional e os nomes que elas levam. A meta é beneficiar 100% das unidades”, afirma.
Escolas
Na Escola Municipal Anis Timani, no bairro do Acácio Figueiredo, a entrada principal recebeu uma pintura integrada a uma árvore externa, trabalho assinado pelo artista José Brito. “Eu era vigilante, trabalhava na portaria de uma escola, mas sempre me envolvia com a escola. Como eu tenho esse dom artístico, comecei a trabalhar dentro da escola, fazendo arte. A Seduc viu o nosso trabalho, a parte artística, todo envolvimento e chamou a atenção do secretário que me chamou pra trabalhar com arte. E nesse espaço na Anis Timani, eu trabalhei com essa alusão, pra que quando a árvore de fora for caindo pra dentro, a gente tenha o espaço da pintura integrado à árvore”.
Enquanto as folhas naturais caem sobre o muro colorido da escola, a pintura devolve frutos visuais. São livros, desenhados para transmitir o conhecimento. “Se eu pudesse colocar um título em cada obra que eu faço, nessa colocaria ‘A árvore do conhecimento’, pois é isso que simboliza. Uma árvore que dá esse fruto, do conhecimento em várias áreas na vida da criança”, conta.
Na Escola José Guilhermino, no bairro do Velame, as paredes dão lugar aos tons pastéis – uma marca delicada de Sheila Dias Farias, artista plástica com 31 anos de trabalho dedicado a fazer curvas com o pincel. “Eu comecei a fazer esse trabalho com 18 anos, quando minha madrinha, que era dona de uma escola, decidiu fazer essa experiência comigo. Comecei a trabalhar com tintas e pigmentos e foi a partir dela que outras escolas conheceram e gostaram do meu trabalho e a partir de então fomos descobertos pela Prefeitura de Campina Grande”, disse.
Em um espaço de convivência, que será adaptado para leitura, um enorme painel lúdico foi pintado à mão pela artista. “Eu gosto de trabalhar com tons suaves, que agradam a adultos e crianças. Aqui nesse espaço, que será de leitura, eu trouxe uma imagem ao ar livre para que quando os alunos cheguem nesse espaço, olhem para a imagem e queiram sonhar com esse ambiente. São desenhos de crianças, animais, bichinhos da natureza. Quero passar para as pessoas tranquilidade no ambiente. Gosto de tons pastéis, de suavidade”, explica.
Monumentos
A artista Jéssica França trabalha criando monumentos de concreto em muros de prédios públicos, como o do Centro de Tecnologia Educacional (CTE), onde funcionam a Brinquedoteca e o Sine Municipal. “Eu tenho uma vocação e uso essa vocação para harmonizar e trazer beleza, transformando as ruas em galerias e trazendo inovação para os lugares. O desafio é manter esse gosto e prazer em servir às pessoas diante dos desafios diante do tempo (frio, calor, chuva) e também do tempo para concretizar esse trabalho”, conta.
O Jacaré do Açude Velho ao lado de um arlequim, que faz referência ao tradicional Bloco da Saudade, exemplifica o resgate histórico trazido por Jéssica através de seu trabalho com cimento. “Meu sentimento ao realizar os monumentos é de determinação e resiliência, pois são obras desafiadoras para a paciência e esforço físico. Mas o sentimento é de persistência e teimosia. Vejo como um dever contar as histórias e não deixar que essas histórias morram”, declarou.
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