De acordo com o neurocirurgião responsável pela realização do procedimento, George Mendes, a embolização por via venosa é uma técnica utilizada em pouquíssimos centros no país e na América Latina. No Nordeste, desde 2018, é realizada com sucesso no Hospital Metropolitano, sendo esta a primeira vez que ocorre em uma unidade SUS do agreste paraibano. Um dos benefícios desse procedimento é que ele evita a abertura do crânio do paciente, tendo em vista que se trata de uma técnica minimamente invasiva.
“Nós tivemos participação ativa no desenvolvimento e na popularização dessa técnica através de publicações em conjunto com a Universidade de Limoges, na França, com o professor Charbel Mounayer. A técnica tradicional é a de embolização por via arterial, em que se fecha a malformação utilizando líquidos embólicos pelas artérias, ela obtém sucesso em até 50% dos casos porque no entorno da veia é que resta a malformação. Já a técnica por via venosa é 90% de chance de sucesso ”, relatou o neurocirurgião.
George explicou que a MAV é um defeito na conexão entre vasos sanguíneos que causa um emaranhado anormal dos vasos e leva o sangue a fluir diretamente das artérias para as veias, quando deveria fluir pelos capilares. Segundo Henrique Veras, coordenador da Fisioterapia do serviço, Julialles apresentou uma boa recuperação pós-operatória.
“O paciente chegou aqui na enfermaria acordado, consciente, orientado, sem nenhum déficit motor ou desconforto respiratório, mantendo mobilidade e funcionalidade. Na realização da fisioterapia, ele já deambulou (andar, caminhar), realizou movimentos de sentar, levantar e fez exercícios resistidos mantendo todo o quadro de força muscular previamente. Inclusive, conversei com ele e relatou estar muito satisfeito”, disse o gestor.
A coordenadora assistencial da Hemodinâmica de Campina Grande, Loyane Lima, confirmou que o paciente já realizou todos os exames pós-operatórios necessários e recebeu alta nesta segunda-feira (17) com indicação de repouso. Julialles agradeceu a toda equipe pelo cuidado antes de retornar para casa. “Fiquei muito feliz em ser a primeira pessoa a fazer esse procedimento aqui na hemodinâmica de Campina Grande. Fui muito bem atendido, os profissionais são ótimos, muito educados e atenciosos. Espero que novas pessoas, como eu, possam fazer esse tipo de procedimento aqui, para que mais vidas sejam salvas. Toda equipe foi muito respeitosa, não só comigo, mas com todas as pessoas que passaram, eu só tenho a agradecer”, afirmou o paciente.
Para Ilara Nóbrega, diretora de Atenção à Saúde da Fundação, a partir de agora procedimentos de alta complexidade como este passam a ser uma realidade para os usuários da região da Borborema. “Graças a uma equipe que dispõe de conhecimentos científicos e técnicos necessários para prestar o melhor atendimento aos pacientes e a tecnologia moderna que o serviço dispõe, assim como o líquido embólico que é necessário para fechar essas malformações”, pontuou.
Hemodinâmica de Campina Grande: O serviço de hemodinâmica instalado no Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, em Campina Grande, completará dois anos de atendimento nas áreas de cardiologia intervencionista, neurorradiologia e endovascular em 23 de agosto de 2024. Para ter acesso à realização de exames e procedimentos no serviço, os usuários precisam ser regulados, sejam de urgência ou eletivos, ou seja, o paciente precisa dar entrada em uma alguma unidade de saúde do seu município e a regulação realizará contato para análise do perfil e devido encaminhamento.